domingo, 15 de janeiro de 2012

O que leva tantos jovens ao uso de drogas?

A psicóloga Rosely Sayão, em texto do jornal Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, da última terça-feira, 6 de dezembro, p. 8, escreve que, tempos atrás, a família era o principal motivo: culpavam-se ‘as dificuldades no relacionamento familiar, a falta de diálogo, os vínculos desfeitos, o autoritarismo educacional, as perdas precoces e toda uma gama de causas familiares que poderiam explicar a busca do jovem pelas drogas’. Porém, hoje em dia, ‘essa resposta já não convence’. Isso porque, atualmente, conforme os argumentos de Rosely, ‘temos todo tipo de família, de educação, de vínculos, de rompimentos etc’. 

Claro que a família influencia, e muito, no comportamento do jovem. ‘Mas, tais influências não são, necessariamente, determinantes ou causais’, no que diz respeito às drogas. Pois, ‘agora, já não temos mais um único culpado’. Vários são os caminhos que conduzem o jovem para o mundo das drogas. Para a experiente psicóloga, ‘os jovens experimentam ou irão experimentar drogas por um motivo bem simples: elas existem, são oferecidas; estão por aí’. Ou seja, a primeira e a mais forte razão que leva um jovem, hoje em dia, a usar drogas é a oferta abundante dessa substância, que pode ser facilmente encontrada nas ruas e em todo tipo de festa. Nesse ponto, nós, da Vara da Infância e Juventude, concordamos plenamente com a psicóloga, pois, nas operações noturnas do toque de acolher, é muito comum verificar o quanto de droga, infelizmente, está à disposição de consumidores, maiores ou menores, principalmente, nas ruas, altas horas da noite. 

 Outro motivo que tem levado os jovens às drogas, apontado pela psicóloga, é ‘a dificuldade dos mais novos para enfrentar situações difíceis, com obstáculos que exigem esforço e perseverança. As crianças têm sido demasiadamente poupadas [pelos pais, principalmente, e pelas escolas, também] dos pequenos sofrimentos que fazem parte da vida. Dessa forma, não desenvolvem recurso algum do qual possam lançar mão quando necessário’. Ou seja, as crianças e os adolescentes ‘poderiam se angustiar, sofrer, amadurecer, errar, mudar o rumo, experimentar. Mas [pela superproteção vinda dos pais e das escolas] o percurso mais fácil parece ser o de se anestesiar’, isto é, tentar sempre preservar os menores dos problemas que eles têm que enfrentar. 

Ocorre que, no parecer da psicóloga, ‘as drogas, além de oferecerem atrativos convincentes, têm esta serventia também: a de livrar de um sofrimento, de uma situação difícil. Por isso, hoje, qualquer jovem pode usar ou abusar das drogas [como meio de esconder o seu sofrimento]. Talvez, se pudessem enfrentar os sofrimentos característicos da infância - uma rejeição, uma exclusão, uma frustração, um tropeço -, a escolha desse caminho [das drogas] na adolescência poderia não ser tão óbvia, não é verdade?’ 

 Em resumo, em resposta ao título deste texto, o que mais tem levado os jovens às drogas: a oferta abundante, o que exige um maior controle dos pais, por exemplo, sobre onde seu filho está, com quem ele anda, que horas ele chega em casa, bem como a superproteção de muitos pais de hoje em dia, que não deixam seus filhos encarar qualquer tipo de sofrimento normal de uma pessoa em desenvolvimento, preferindo sempre anestesiá-los, papel que as drogas farão, na adolescência. 

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